Eu, enquanto espectro autista, sempre acreditei que a arte tem o poder de transformar e dar voz aos que muitas vezes são silenciados. Participar do 3º Concurso de Fotografias Saúde Mental em Imagens, promovido pelo Instituto Cactus, foi para mim mais do que uma competição; foi uma oportunidade de compartilhar meu olhar, minha luta e minha história.
Apesar dos erros humanos que mancharam a condução do concurso, minha fotografia, "Dualidade Mental Entre a Luz da Razão e a Sombra do Caos", alcançou não apenas o segundo lugar na soma dos votos, mas também um lugar de destaque naquilo que realmente importa: a representação da saúde mental. Minha arte não é sobre prêmios ou posições; é sobre tocar corações, abrir diálogos e mostrar que, mesmo em meio ao caos, existe beleza e resiliência.
Esse erro humano jamais será reparado para os usuários de saúde mental que, como eu, vivem intensamente cada emoção e sentimento. Não estamos falando apenas de um concurso simples, mas de uma experiência que deveria exaltar a sensibilidade, a paixão e a arte. Para aqueles que verdadeiramente amam a fotografia, a participação é movida pelo amor e pela sensibilidade de mostrar a beleza oculta em nossas lutas. Isso é maior do que qualquer prêmio.
Minhas fotos possuem simbolismos profundos, representando a luta contra o suicídio e a depressão, algo que vai além dos valores materiais. Não é o prêmio de R$ 1.300,00 que traz felicidade; o maior reconhecimento é ver minha arte sendo um farol para quem enfrenta as sombras. E, no entanto, a equipe responsável pelo concurso errou e não reconheceu sua falha. Essa recusa em admitir um erro técnico reflete a ausência de humildade, algo essencial para quem lida com temas tão delicados como a saúde mental.
Mesmo diante desse descaso, eu não vou desistir. Minha arte continuará sendo uma ponte entre mundos, uma janela para quem quiser enxergar além das aparências. Mesmo com as falhas humanas, minha determinação permanece inabalável. A fotografia me deu asas, e por meio dela, minha mensagem alcança todos os cantos do mundo.
Aqueles que acreditam que podem parar alguém movido por amor e sensibilidade subestimam a força de um artista que vive para transformar dor em arte. Continuarei, porque meu propósito não se mede em troféus, mas em cada alma tocada pelas minhas imagens.
Minha arte estará em todo lugar, e a cada erro enfrentado, minha luta se fortalecerá. Porque, para mim, a verdadeira vitória é mostrar ao mundo que, mesmo na vulnerabilidade, existe coragem. E essa coragem nunca será silenciada.
Assinado, Jean Marques